segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A Viagem

O dedo indicador contraiu-se nervosa e inexoravelmente. Até que a raiva explodiu e o projéctil iniciou a sua viagem.

Cruzou os ares impulsionado pelo ódio.

O quarto arco costal esquerdo não ofereceu grande resistência. Fragmentado em mil estilhaços cedeu passagem ao viajante.

O coração era o próximo do itinerário: pulsátil, vibrante, morno...tenro.

Em seguida o pulmão: borbulhante, crepitante...fácil.

Alguns músculos e, de novo, o ar.

Enfraquecido e ensanguentado, o projéctil perdeu altura. Mergulhou no solo, emitindo um ruído metálico...três vezes.

Tinha acabado de morrer.

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